segunda-feira, 17 de julho de 2017

O ESCRITOR MARCELO PEIXOTO LANÇA LIVRO NO RIO

COM CONSTRUÇÃO TEXTUAL PARTICULAR, 
SEM PREPOSIÇÕES, ARTIGOS, COM UMA SINTAXE LIVRE E IMPRIME CARGA BIOGRÁFICA. O ACADÊMICO DA ABL MARCOS VINICIOS VILAÇA ESCREVEU: 
“NO LIVRO HÁ ORIGINALIDADE E BOA TRAMA”.


O poeta e escritor pernambucano Marcelo Peixoto vai lançar seu livro “Cemitério Canários" com vinte e seis contos no dia 26 de julho, às 19 horas, na livraria Instante do Autor no Largo do Machado pela companhia editora de Pernambuco (CEPE). A capa é de autoria de Moema Cavalcanti, e o prefácio do premiado escritor, Raimundo Carrero. Neste livro o autor revela toda a sua excentricidade e experimentação linguística. O autor também lançou seu livro em Recife no dia 14 de junho no Museu do Estado de Pernambuco, onde rendeu muita mídia.

“Sou poeta, nasci poeta, minha poesia foi adentrando no conto”, diz Marcelo. A poesia para ele é a palavra exata, palavra renovada, o que tem de excesso ele corta. Suas histórias parecem reduzidas ao fundamental: personagens, ações e gestos em pequenas janelas de emoção.
“Não uso artigo, poucas vezes uso preposição. Este livro foi um trabalho de dois anos lapidando para chegar ao essencial. Uma palavra me diz muito mais que uma frase. Gosto de resumir e o resumo te diga tudo”, afirma Peixoto.

Segundo Raimundo Carrero – da Academia Pernambucana de Letras – que escreveu o prefácio e a contra capa: “Para Marcelo o conto não é só uma história, mas também uma experiência de linguagem. Ganha uma conotação inteiramente diferente, com mudanças, sobretudo, nas sintaxes. Sujeito, verbo, predicado, ele os altera para que haja, por assim dizer, uma sensação nova, uma vontade nova, uma visão nova no leitor. O leitor que tiver o cuidado e o tempo a se dedicar a esse tipo de conto, vai verificar que uma espécie de luz, uma espécie de assombro, surge ao final de cada história, porque não está ali o que se deve contar”.

Marcos Vinicios Vilaça, membro da Academia Brasileira de Letras, escreveu na contra capa: “No livro Cemitério Canários há originalidade e boa trama”.

O escritor Marcelo Peixoto não é desses autores que precisam publicar muitos livros numa sequência de pelo menos um volume por ano. Ele se insere em outra linhagem, de autores que optam pela qualidade. Basta um livro a cada grave inquietação e, às vezes, nem mesmo um livro inteiro, por assim dizer. Resolve tudo num único conto, sem prolixidade, resume tudo, às vezes, num parágrafo, numa frase, numa palavra, enfim. E este é um dos segredos de seus contos, por isso mesmo, nunca se aventurou num trecho caudaloso para chamá-lo de romance, justo num tempo em que os gêneros, romance, novela e conto estão em outra definição. Com o livro "Ai quem me dera beijar os lábios de Dorothy Lamour", publicado pelas Edições Pirata, na década de 1970, mereceu melhor destaque de Bella Jozef, importante crítica da literatura produzida na América Latina, sobretudo nos anos de chumbo, em artigos no O Globo, no Rio de Janeiro.

Para o autor, o conto não é apenas uma história, mas também uma experiência de linguagem, assim como foi feito pelos concretistas e, de alguma forma, por Ferreira Gullar, sobretudo, na fase mais adulta. O conto como história tem apenas um núcleo e a partir daí a linguagem ganha uma conotação inteiramente diferente, com mudanças, sobretudo, nas sintaxes, deslocando o verbo ou o personagem para alguns lugares, naquilo que nós chamamos de sintaxe racional. Sujeito, verbo e predicado, ele os altera para que haja, por assim dizer, uma sensação nova, uma vontade nova, uma visão nova no leitor. 

"A grande vantagem de Marcelo é que ele nem se aproxima por imitação, nem se aproxima somente por admiração, mas por paixão. A grande paixão que faz o escritor alterar a sintaxe e a corrente literária a que pretende se vincular. Aliás, uma verdade absoluta, Marcelo não se vincula a nenhuma corrente literária, ele tem a sua própria corrente, ele tem a sua própria construção, ele sabe como fazer, ele sabe como escrever, ele sabe como mudar. Nesse sentido, Marcelo Peixoto é um renovador e um iconoclasta, no sentido que destrói todos os valores do conto tradicional e conservador para levar a qualidade de experiência e de vanguarda literária a quem todos nós ficamos devendo alguma coisa.” – afirma Raimundo Carrero.

Quem incentivou o autor a levar sua linguagem poética para o conto, foi Delminha, irmã de Alceu Valença.


SOBRE O AUTOR

Marcelo Peixoto é de Recife, nasceu em 1942, cursou sociologia e política pela Universidade Federal de Pernambuco. É autor dos livros “Pastor da Solidão” (poesia) e "Ai quem me dera beijar os lábios de Dorothy Lamour" (contos). Trabalhou com audiovisual na Massangana Multimídia, da Fundação Joaquim Nabuco, onde tem diversos documentários culturais disponibilizados no acervo da instituição.

Quando ainda criança Marcelo tinha dislexia e com isso teve muito problema em assumir a sua própria criação literária que era muito conflituosa. Uma professora disse que ele tinha que ter uma educação especial, pois era disléxico. O escritor fez anos de terapia até aceitar a inevitabilidade do transtorno.

Com forte carga biográfica as pequenas histórias reunidas em Cemitério Canários tem acontecimentos reais vividos por ele e por pessoas próximas. 
 
Morou no Rio de Janeiro nas décadas de 70 e 80. Depois voltou para Recife, e está morando no Rio há mais de cinco anos. Amigo de Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Ney Matogrosso, do ator e diretor Aderbal Freire Filho, da jornalista Tereza Cristina Rodrigues, da acadêmica Ana Maria Machado, Marcos Vinicios Vilaça da ABL, do escritor Raimundo Carrero, da Academia Pernambucana de Letras, entre muitos outros.

SERVIÇO

Lançamento no Rio de Janeiro: Dia 26 de julho, das 19 h às 22 h.
Local: Livraria Instante do Leitor – R. do Catete, 311 / lj. 202 – Catete. Edifício São Luiz – Largo do Machado
Total de Páginas: 175 
Preço: R$ 35,90